Mothers. Daughters. Rebels. O filme que vos trago hoje carrega consigo uma enorme lição que tem tanto de histórica como de moral. Nos dias de hoje, em que o feminismo anda nas bocas do mundo, é sempre importante relembrar de onde veio e o porquê de ainda precisarmos dele. Quase um século depois, a luta destas mulheres ainda está por terminar e, na minha opinião, o lançamento de um filme que mostre a origem da emancipação feminina é também de extrema importância.
Com lançamento em Portugal a novembro de 2015, protagonizado por Helena Bonham Carter, Carey Mulligan e Meryl Streep, Suffragette leva-nos à Inglaterra do início do século XX. Cansadas de lutar pelos seus direitos de forma pacífica e calma, as mulheres britânicas resolvem chamar a atenção para a desigualdade entre sexos da única maneira que os homens ouvem: violentamente, com guerra. Desde partir janelas a barulhentas manifestações, tudo o que chamar a atenção serve para se fazerem ouvir.
O movimento sufragista, liderado por Emmeline Pankhurst, imaculadamente interpretada por Meryl Streep, pretendia obter o direito ao voto, mas ao longo do filme vamos notando referências à diferença de salários, à opressão do sexo feminino e até ao abuso sexual e assédio no trabalho.
E quem são as três mulheres que vos apresento na imagem inicial do post? Sobre a Meryl Streep, já vos disse, interpreta Ms. Pankhurst, um exemplo e um figura líder para as jovens sufragistas; embora apareça pouco no decorrer da longa metragem, o seu papel é essencialmente incentivá-las a não desistirem da luta. Quanto à fenomenal Helena Bonham Carter, a sua personagem chama-se Edith Ellyn e é a mulher de um farmacêutico; trata-se de uma mulher inteligente, diplomada e que incentiva outras na luta pelos seus direitos. É, inclusive, no seu consultório, que ocorrem algumas das reuniões das sufragistas. Edith está na luta sufragista há algum tempo, sendo até uma mulher bastante afetada por isso. Carey Mulligan é Maud Watts, uma jovem mãe e esposa de 24 anos que desde que se lembra trabalha numa fábrica têxtil, sujeitando-se aos abusos, à opressão e a diferenças salariais sem chegar a pensar qual seria a mudança que o direito a voto traria para a sua vida.
Suffragette mostra então a iniciação de Maud no sufragismo, influenciada por Violet Miller, uma nova colega de trabalho que já está envolvida no movimento, bem como as condições em que aquelas mulheres trabalhavam e ainda um pouco da história por trás de algumas das sufragistas. Contando com duas personagens verídicas, Emmeline Pankhurst e Emily Wilding Davison, estupendamente interpretada por Natalie Press, figuras importantes para obtenção do voto feminino no Reino Unido, este é um filme que nos traz uma mensagem poderosa de luta e determinação, de tudo por uma causa.
Para além do desempenho fantástico das atrizes, é de notar e referir a autenticidade do ambiente, parecendo, de facto, que as cenas que vemos foram gravadas na época, bem como tantos outros aspetos que fazem deste um filme estupendo. Na minha opinião, um filme cuja visualização é obrigatória.