ACMA | ROMANCES DISTÓPICOS

Um novo mês é sinónimo de novo post do ACMA! Sei que tenho andado um pouco desligada do blog, mas a verdade é que, e sabem disso se acompanharem a nossa página do facebook, tive de férias e voltar à rotina ativa é sempre difícil. Ora, mas passemos isso à frente, porque agora estou de volta e com muitos posts já pensados para vocês! Começamos então por este! 

O ACMA não é novidade nenhuma aqui pelo blog, portanto vocês já devem saber mais ou menos como isto funciona; o tema destes dois meses, setembro e outubro, é o futuro e a verdade é que não podia vir em melhor altura! Este projeto, pelo qual já nutro um grande carinho, comemorou o seu primeiro aniversário este mês e, tal como vos disse no post anterior, há novidades, daí o tema deste mês. Vamos falar do futuro porque também o ACMA tem um novo futuro - uma revista digital! É isso mesmo, saiu este mês a primeira edição e podes encontrar lá muitas das participações de maio e junho, portanto, quando terminares de ler este post, já sabes onde ir!

ACMA | Romances Distópicos



Confesso que este não foi um tema para o qual tive uma ideia de imediato, talvez também por ainda não estar completamente na rotina ativa; pensei em falar-vos sobre o regresso às aulas, por ser o que vai acontecer no meu futuro mais imediato, mas a verdade é que, nesta altura, a blogosfera enche-se de conteúdos relacionados com isso, portanto, optei por não o fazer. Pensei ainda em falar-vos de várias coisas - sobre livros, filmes, destinos de viagem, objetivos, sobre todas essas coisas que quero incluir no meu futuro, quer a curto, quer a longo prazo. Mas, ainda assim, não me satisfez...

E, ora vejamos lá, o que é que me satisfaz? Livros! Foi a pensar nisso que reuni uma lista com cinco romances distópicos muito conhecidos. E porquê romances distópicos? O que é que eles têm a ver com o futuro?

A palavra utopia significa "lugar ideal em que tudo estaria organizado da melhor forma para a felicidade completa do povo; sonho, quimera, fantasia, concepção irrealizável"; ora, uma distopia é, precisamente, o contrário. Mas isso continua a não ter nada a ver com o futuro, dizem vocês...

Numa distopia, descreve-se, por antecipação, "engenharias sociais que, apoiadas em medidas de controlo dos pensamentos, comportamentos e atitudes dos seus membros e em mecanismos de repressão da dissidência, garantem a unanimidade totalitária". Ou seja, os autores distópicos prevêm o futuro e as suas histórias são, geralmente, avisos ou sátiras que tentam demonstrar a forma como as convenções sociais atuais e a exploração de conhecimentos científicos podem, quando levadas ao limite, conduzir a sociedades destruidoras, quer do indivíduo, quer da humanidade.

1. A Máquina do Tempo, H. G. Wells
Esta obra de ficção científica é também a obra pioneira dos romances distópicos, sendo considerada um clássico do género. Trata-se do relato de um viajante do tempo que, depois de avançar 800 mil anos no futuro, conhece uma sociedade dividida em dois grupos - os ociosos e pacíficos Eloi, que se assemelham às altas classes vitorianas, e os bárbaros e predadores Morlocks, que estão restritos aos subterrâneos do planeta. Ao mesmo tempo, o autor transmite ainda uma filosofia acerca da evolução humana, bem como uma crítica à sociedade do seu tempo.

2. Nós, Evgueni Zamiatine
Em Nós, Zamiatine descreve não só um mundo futuro, que é produtivista, eficaz, limpo e despromovido de emoção, como também as relações humanas desse mundo. São apenas narrados adultos, não havendo velhos nem crianças, e os homens e as mulheres são aparentemente iguais. Nesta sociedade evoluída, todos têm números, ao invés de nomes e, uma vez que a individualidade não existe, os apartamentos são transparentes. O único vislumbre de privacidade é visto quando se fecham as persianas aquando as relações sexuais, mas até essas são organizadas, obedecendo sempre a dias e horas pré-determinados. "Trata-se, enfim, de uma ficção sobre o triunfo da racionalidade num sistema social em que cada pessoa se dissipa numa ideia de comunidade".

3. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley 
Nesta obra de Aldous Huxley, o homem foi subjugado pelas suas invenções; a ciência, a tecnologia e a organização social deixaram de estar ao seu serviço e a situação inverteu-se, tornando-se o indivíduo escravo das técnicas e inovações. Esta é uma parábola fantástica que reflete acerca da "desumanização dos seres humanos" e que é, segundo muitos, um clássico de leitura obrigatória.

4. 1984, George Orwell
1984 é, provavelmente, um nome conhecido para todos os leitores. Do mesmo autor que escreveu Animal Farm, obra renomada na área das sátiras e críticas sociais e políticas, esta obra oferece "uma descrição quase realista" daquilo que é, hoje, "o vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as democracias capitalistas". Esta obra de Orwell reflete então acerca da fiscalização e do controlo exercido, pelo governo, na sociedade - "Big Brother is watching you".

5. Fahrenheit 451, Ray Bradbury
Esta última distopia já não é novidade pelo Bookaholic, uma vez que já a li e inclusive fiz a review [AQUI]. Esta obra de Ray Bradbury descreve uma sociedade aparentemente evoluída e avançada, na qual todas as formas de transmissão de informação e conhecimento são controladas pelo governo; neste mundo, a função dos bombeiros já não é apagar fogos, até porque os edifícios são agora ignífugos, mas sim ateá-los, mais propriamente a livros, que são completamente proibidos, e à casa de qualquer pessoa que possua obras literárias.

Como espero que tenham constatado, esta área das distopias é algo realmente fantástico e que nos pode induzir a grandes reflexões acerca da sociedade em que vivemos e daquilo que o futuro nos pode trazer. À exceção da primeira, que data de finais do século XIX, todas estas obras são do século XX e acho que é realmente interessante vermos como é que estas pessoas viam a sua sociedade e previam as sociedades futuras; ainda melhor que isso, é fazer a comparação entre estas sociedades distópicas e ver o quão longe, ou não, estaremos delas. Desta lista, ainda só li o último nome que vos apresento, mas tenho muita curiosidade em todos os outros e depois da pesquisa que fiz para escrever este post ainda mais!

E vocês? Já leram alguma distopia antes? Conheciam o conceito? E as obras de que vos falei?

Sobre o projeto A Cultura Mora Aqui

Criado pela Ju, do blog Cor Sem Fim, o projeto A Cultura Mora Aqui - ou ACMA, para abreviar - tenciona, tal como tenho vindo a referir nos meses anteriores, trazer a cultura de volta à internet com temas mensais ou bimestrais. Para participarem, só têm de enviar um e-mail com os vossos dados para acma.cultura@gmail.com - aproveito para repetir que não vamos falar sobre outfits, maquilhagem, moda, etc, e que qualquer um de vós pode participar, não sendo obrigatório fazê-lo todos os meses. Para não perderem nenhum post, já podem seguir a página do ACMA no facebook

- ACMA: A REVISTA - 

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13 comentários

  1. Desses só não li o do Zamyatin. Acrescento à lista o "Animal Farm", também do Orwell; o "The Handmaid's Tale", de Margaret Atwood; o "A Clockwork Orange" do Anthony Burgess; e o que acabei de ler, aterrador (ainda tenho de trabalhar na review): "It Can't Happen Here", de Sinclair Lewis.

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    1. Também tenho muita curiosidade em ler "Animal Farm"; dos outros que mencionaste, só me é familiar o de Burgess, é "A Laranja Mecânica", certo?

      Fico à espera dessa review! Obrigada pela visita e pelo comentário, Bárbara. Um beijinho!

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    2. É esse sim :) como li em inglês ficou-me mais o título assim! Espero publicar a dita review em breve :D beijinhos!

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  2. Penso já ter lido, mas não me lembro visto que não conhecia o termo. Mas achei bom não teres falado sobre o regresso às aulas, é um assunto que aborrece-me imenso já :b

    Beijinhos,
    Dezassete

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    1. É uma coisa que começa a saturar, sim... Conheci o termo quando li Fahrenheit 451, mais propriamente quando fiz a pesquisa para escrever a review.

      Obrigada pela visita e pelo comentário! Um beijinho.

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  3. Na minha opinião, os romances distópicos são melhores, nunca se sabe até que ponto os avanços científicos nos podem levar à destruição.
    Destes romances todos só conheço a máquina do tempo e ainda assim vi em filme! O 1984 está na minha lista pela intriga que me deixa.
    Beijinhos
    https://escritalhadaa.blogspot.pt

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    1. Também é um género literário do qual gosto muito! Obrigada pela visita e pelo comentário, Miguel.

      Um beijinho.

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  4. Eu não conhecia nenhum dos livros que mencionaste, mas pela curta descrição que deste dos mesmos aqueles que mais me chamaram a atenção foram o "Nós" e o "Fahrenheit 451" (do qual ainda não li a tua review!). Parecem passar uma mensagem interessante e será realmente engraçado comparar a visão que estes autores tinham para o futuro com a realidade dos dias de hoje, como referiste.

    Parece que, como se não bastasse a enorme lista de livros que já tenho para ler, vou ter que juntar outros dois!

    Beijinhos Bia!
    Primavera Estacional

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    1. Só sincera, estou numa posição em que quero ler todos! É um género literário que tem mesmo algo de fascinante e que penso que passa uma mensagem fantástica e muito, muito interessante.

      Oops, guess I'm guilty!

      Obrigada pela visita e pelo comentário; um beijinho!

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  5. Confesso que li o "Fahrenheit 451" e não gostei nada, embora desconfie que esteja ligado ao facto de ter lido a tradução para português - muito, mas mesmo muito mal feita - o que tornou a leitura muito aborrecida. Quero, no entanto, dar-lhe uma nova oportunidade :)

    Em relação aos restantes, não li nenhum com excepção do "1984", mas quero muito ler todos os outros livros que mencionaste, principalmente "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley.

    Encontrar o teu blogue foi sem dúvida uma dádiva, Bia. Adoro ler-te e adoro o facto de seres tão dedicada à literatura quando existem tão poucos bloggers em Portugal a fazê-lo. Continua assim!

    Beijinhos,
    Previously She Writes, agora num novo cantinho: By the Library :)

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    1. A sério? Também li uma tradução para português, mas por acaso não me lembro de ter notado falhas na tradução; é uma pena que não tenhas tido uma boa experiência com ele, é mesmo fantástico!

      Ohh, querida, fico tão contente por achares isso, mesmo! Obrigada do fundo do coração, é mesmo muito importante para mim que o aches e fico mesmo contente por estar a agradar a quem me lê. Vou continuar, sempre!

      Obrigada pela visita e pelo comentário e, acima de tudo, pelo teu carinho! Um beijinho, querida Sónia.

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  6. Respostas
    1. Também só li um (ainda), mas penso que sejam todos muito bons!

      Obrigada pelo comentário e pela visita. Um beijinho, Mariana.

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